Tenho
trabalhado tanto, mas sempre penso em você. Mais de tardezinha que de manhã,
mais naqueles dias que parecem poeira assenta e com mais força quando a noite
avança. Não são pensamentos escuros, embora noturnos… Sabe, eu me perguntava
até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria
ver em você. Eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção
daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você
todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez
nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar
era não mais conseguir ver, entende? Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto
que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar,
sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além,
compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria
mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. Mas se
você tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em
meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir
em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer,
lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia —
qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo
sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero
como um tempo perdido. Tinha terminado, então. Porque a gente, alguma coisa
dentro da gente, sempre sabe exatamente quando termina. Mas de tudo isso, me
ficaram coisas tão boas. Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar
melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não
sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o
futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser
novo. Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em
passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para
mim...
(Caio Fernando
Abreu)
Se algumas pessoas se
afastarem de você, não fique triste, isso é resposta da oração: “livrai-me de
todo mal, amém".
Assistir uma mulher desabotoar suas fantasias, suas dores, sua historia. É erótico ver uma mulher, que sorri, que chora, que vacila, que fica linda sendo sincera,
que fica uma delícia sendo diverdida, que deixa qualquer um maluco sendo
inteligente.Uma mulher que diz o que pensa, o que sente e o que pretende, sem
meias verdades, sem esconder seus pequenos defeitos - Alías, deveríamos nos
orgulhar de nossas falhas, é o que nos torna humanas, e não bonecas de porcelanas. Arrebatador
é assistir ao desnudamento de uma mulher em que sempre se poderá confiar, mesmo
que vire ex, mesmo que saiba demais.Não é fácil tirar a roupa e ficar pendurada
numa banca de jornal, mas difícil por difícil, também é complicado abrir mão de pudores
verbais,expor nosso segredos e insanidade, revelar nosso interior.Mas é com
certeza o que devemos continuar fazendo.Despir nossa alma e mostrar pra valer
quem somos e o que trazemos de belo de lindo de maravilhoso por dentro.
Não conheço strip-tease mais sedutor.