27 de outubro de 2009

Meus Valores


O Drauzio Varella conta que quando trabalhava com pacientes terminais ninguém se lamentava, na hora da morte, por não ter comprado o apartamento dos seus sonhos ou por ter aplicado o dinheiro em ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida. Ao invés de grandes projetos, a felicidade é feita de coisas pequenas.

Como diz Cátia Lantyer: Deus mora nos detalhes.

25 de outubro de 2009

"Nunca se justifique. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam."

Agora Acabou

Você foi como um sonho repentino que veio sem aviso no momento em que eu mais precisava,
Você veio como um anjo falando manso, dizendo palavras bonitas e precisas que sempre me encantavam,
Mas tão rápido como veio, você me disse adeus e não disse mais nada,
Pode ser fácil para você, mas para mim leva um tempo para esquecer,
Eu sei que você não entende, mas é porque você tem medo de se entregar como eu me entreguei,
Mas, tudo bem, a vida continua, aceito a sua amizade e dou-lhe inteiramente a minha,
Só a partir de hoje você está oficialmente fora dos meus sonhos de amor,
Das minhas expectativas de parceria e felicidade,
E, apesar de tudo, da sua pressa, não esqueça que tenho sentimentos,
Que leva um tempo para se esquecer os sonhos que se sonhou,
Mesmo que sozinho eu ainda nutria uma esperança escondida que nem eu mesmo sabia que tinha...
Agora tenha paciência, que também sozinho
Vou esquecer de tudo o que eu queria para nós dois,
E que você sozinho desperdiçou.

(Germana Facundo)

20 de outubro de 2009

Carlos Drummond de Andrade


NÃO SE MATE

Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.

Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.

O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê,
pra quê.

Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém, ninguém sabe nem saberá.

16 de outubro de 2009

Meu Ascendente


Sou ariano. E ariano não pede licença, entra, arromba a porta.Nunca tive medo de me mostrar. Você pode ficar escondido em casa, protegido pelas paredes.Mas você tá vivo, e essa vida é pra se mostrar. Esse é o meu espetáculo. Só quem se mostra se encontra. Por mais que se perca no caminho.

(Cazuza)

O Medo do Amor


Medo de amar? Parece absurdo, com tantos outros medos que temos que enfrentar: medo da violência, medo da inadimplência, e a não menos temida solidão, que é o que nos faz buscar relacionamentos. Mas absurdo ou não, o medo de amar se instala entre as nossas vértebras e a gente sabe por quê.

O amor, tão nobre, tão denso, tão intenso, acaba. Rasga a gente por dentro, faz um corte profundo que vai do peito até a virilha, o amor se encerra bruscamente porque de repente uma terceira pessoa surgiu ou simplesmente porque não há mais interesse ou atração, sei lá, vá saber o que interrompe um sentimento, é mistério indecifrável. Mas o amor termina, mal-agradecido, termina, e termina só de um lado, nunca se encerra em dois corações ao mesmo tempo, desacelera um antes do outro, e vai um pouco de dor pra cada canto. Dói em quem tomou a iniciativa de romper, porque romper não é fácil, quebrar rotinas é sempre traumático. Além do amor existe a amizade que permanece e a presença com que se acostuma, romper um amor não é bobagem, é fato de grande responsabilidade, é uma ferida que se abre no corpo do outro, no afeto do outro, e em si próprio, ainda que com menos gravidade.

E ter o amor rejeitado, nem se fala, é fratura exposta, definhamos em público, encolhemos a alma, quase desejamos uma violência qualquer vinda da rua para esquecermos dessa violência vinda do tempo gasto e vivido, esse assalto em que nos roubaram tudo, o amor e o que vem com ele, confiança e estabilidade. Sem o amor, nada resta, a crença se desfaz, o romantismo perde o sentido, músicas idiotas nos fazem chorar dentro do carro.

Passa a dor do amor, vem a trégua, o coração limpo de novo, os olhos novamente secos, a boca vazia. Nada de bom está acontecendo, mas também nada de ruim. Um novo amor? Nem pensar. Medo, respondemos.

Que corajosos somos nós, que apesar de um medo tão justificado, amamos outra vez e todas as vezes que o amor nos chama, fingindo um pouco de resistência mas sabendo que para sempre é impossível recusá-lo.

(Martha Medeiros)

15 de outubro de 2009

PERDAS POETICAS




Perco em média, três poemas por semana por desatenção e desmazelo.
Ainda há pouco um solicitou-me a atenção e perdulário fingi não vê-lo.
Ah, o que perco por soberba o que perco talvez por aceitar o que eu mesmo me ofereço.
Os que me vêem passar
me pensam rico, no entanto,
o que perdi não tinha preço.

(Afonso Romano)

1 de outubro de 2009

DUVIDA

Tenho-me perguntado com mais frequência: Quero ser feliz ou ter razão?

A ALMA IMORAL


Há um olhar que sabe discernir o certo do errado e o errado do certo.
Há um olhar que enxerga quando a obediência significa desrespeito e a desobediência representa respeito.
Há um olhar que reconhece os curtos caminhos longos e os longos caminhos curtos.
Há um olhar que desnuda, que não hesita em afirmar que existem fidelidades perversas e traições de grande lealdade.
Este olhar é o da Alma.

(Nilton Bonder)