23 de abril de 2012

Não existo.

Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram
ou metade desse intervalo, porque também há vida ...
Sou isso, enfim ...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.

(Álvaro de Campos)
Punhal de prata já eras, punhal de prata! Nem foste tu que fizeste a minha mão insensata. Vi-te brilhar entre as pedras, punhal de prata! No cabo flores abertas, no gume, a medida exata, exata, a medida certa, punhal de prata, para atravessar-me o peito com uma letra e uma data. A maior pena que eu tenho, punhal de prata, não é de me ver morrendo, mas de saber quem me mata. (Cecilia Meireles)

9 de abril de 2012


"Aprendi com a primavera a deixar-me cortar e voltar sempre inteiro."

Cecilia Meireles
Eu adoro todas as coisas
E o meu coração é um albergue aberto toda a noite.
Tenho pela vida um interesse ávido
Que busca compreendê-la sentindo-a muito.
Amo tudo, animo tudo, empresto humanidade a tudo,
Aos homens e às pedras, às almas e às máquinas,
Para aumentar com isso a minha personalidade.

Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio
E a minha ambição era trazer o universo ao colo
Como uma criança a quem a ama beija.
Eu amo todas as coisas, umas mais do que as outras,
Não nenhuma mais do que outra, mas sempre mais as que estou vendo
Do que as que vi ou verei.
Nada para mim é tão belo como o movimento e as sensações.
A vida é uma grande feira e tudo são barracas e saltimbancos.
Penso nisto, enterneço-me mas não sossego nunca.
[...]

(Álvaro de Campos)

Me tiram tudo a força, e depois me chamam de contribuinte.

O Adultério é o mercado negro do orgasmo.

Arranje um amor novo enquanto ainda estiver usando o velho.

Sabemos que Você de cima, não tem como evitar o nascimento e a morte. Mas pode, pelo menos, melhorar um pouco o intervalo.

Aniversário é uma festa para lembrar do que resta.

Quem não tem boa aparência acha sempre que as aparências enganam,

(Millôr)